quinta-feira, março 31, 2011

remanescer

Às vezes eu acho que você já sabe de tudo
Nem tenho vontade de te dizer algo
Pois sei que você já sabe o que vou dizer
Penso neste instante o mesmo sobre mim
Achei que sabia tudo de você

Não importa, baby
Pois sabemos o quanto presente é nosso futuro
Eu quis-me dizer sobre o tudo e o nada
Agora o hiper uranós apreende uma manta de carne
E meus olhos cegam-me a cada poeira
O pó das ruas, asfaltos, minérios, radiação
Faminto devora a janela da minha instituição
Feita de papel, plásticos, petróleo é bobeira
Só preciso todo dia combustível pra essa pressa tarde
E memórias lembranças do conto de fada
Pra dizer na cachola que o agora não é escudo
Passado sim, baby

quinta-feira, março 10, 2011

besouro sou


"Esszzzzes pensamentozzzzzs que você penszzzza e não conszzzzegue entender o porquê, szzzzão o que chamam de interferênczzzzia telepática ou antizzzztelepática, pode crer?!." Disse o besouro já deitado no meu traveseiro.Veio me fazer uma visita,pois estava chovendo demais lá fora! Mas ainda não sabia quanto ia ficar e estava preocupado que suas asas ficassem com cãibra doendo. "Daqui a poucozzzz dou uma voadzinha de levezz!" Imagino que seja difícil voar num quarto tão pequeno. Ziguezagueou por entre a fumaça que subia do incenso de sândalo e cambaleou ao respirar aquele odor maravilhoso. "Cuidado com o ventilador!!!" Planou no alto do teto e passou entre as paletas, que giravam na velocidade que acompanhava a música. Uma melodia do Pink Floyd que se misturava à fumaça no vento rodopiante do meu quarto. Passou perto de minhas orelhas o abelhudo zonzo. Eu disse para que se acalmasse, pois ia acabar sendo atingido pelas hélices centrífugas. "ZZZZZZZzzz, não poszzzzzzso controlar o meu vôozzzzzzz! O ventilador ezzzzzstá me exzzzzzzzzzzzaaaaurindoooo." TLAAH!!! "Eu avisei, besouro louco! Esse sândalo é de Bangalore. Ha-ha! Agora aproveita e tenta se acalmar. Você tem sorte de sua carapaça ser acostumada a resistir a pancadas assim..." QRRRRRRRRIII!!! TUUMM!!! BIIIBIIIII! "Sabe o que aconteceu, falando em pancadas?" Depois de tantas onomatopéias... "Algum barbeiro, parente seu, atravessou na contramão!" Estatelou-se no muro da Dona Maria Joana, o barbudo! Ficaram lá, discutindo por horas quanto ficaria o prejuízo...
"Seu Castanho, você veio fugindo da chuva, como seu amigo chifrudo?" "Nããããooozzzz, eszzzzztou fugzzzzzzindo de uma plantaçzzzzzzzzão de milho!" "Imagino como as coisas devam estar difíceis com todo esse agrotóxico!" "Olha, parece que o barbeiro se machucou. Está mancando."
Dona Maria Joana, ao notar que o Sr. Barbeiro estava constrangidamente apaixonado pela sua delicadeza ao tratar de seus ferimentos no bigode, perguntou sorrindo quando ele poderia voltar para consertar o seu portão. No seguinte dia, com a barba feita, estará com a ferramenta a concertar no ouvido de Dona Joana. Até convencê-la de que haviam nascido um para o outro e que teriam muitos filhos e que sairiam por aí voando pelo mundo. Todas essas coisas que raramente acontecem na vida de um casal de besouros com mais de 2 meses de convívio em dadas circunstâncias.
"Castanho, você foi embora sem se despedir? Só porque o incenso acabou..." O besouro castanho brilhante descansava num cochilo transcendental dentro do chapéu coco cheio de moedas atrás do notebook. "Aqui estou eu conversando com um besouro de novo." O senhor barbeiro não tem essa carapaça, acabou quebrando a louça da Dona Maria Joana toda na vidraça. Teve ciúmes de um tal de Besourojóia. Armou uma cena anteomtem no meio da praça. "Que graça! Falar com um besouro que dorme em moedas e assistir a vida do outro barbudo pela janela... Vou cuidar da minha sopa antes que caia uma mosca nela! Quem falou de telepatia?"

folia

ignorados fostes
ó miseráveis disformes
enfermos
engrenagem palpitante
ensejo de nossas
paisagens verdejantes
cooplanares
nessa tricotomia
serdes diferente
incomplacente
sejas forte
intransigente transgrida, pois
de quem ganância
ouves ou sentes
não te serás condolente
quando em sua morada
não restar nem parede
enquanto festejam
fantasiosas belezas
mas oras, verdes
beleza está em vós
na revolta
da natureza
que segue a frente
deságua em correnteza
e um dia volta
chuvosa e soberba
minuciosa destreza
entre folículos
agencia equilibrada
certeza
és forte
és bravo
viverás em planeza