domingo, novembro 01, 2009

hauma-flor

quantas Palavras Serão necessárias Rimar
para Devolver ao Mundo a Vontade de Cantar }{?}{
nos Aquecer a Garganta com um Gole de Amor
e Respirar os Provérbios Exalados pela Flor }{?}{
a mais Bela, a mais Rara e Suficiente
para Inundar essas Almas Moribundas
com uma Pitada de Ternura Convalescente
aquela Esquecida Adoecida nas Portas da Ambição
Uivante nas Madrugadas a Desviar a Solidão
que Chorosa ainda Rebusca em suas Memórias
a Vitória dos Honrosos Fados de Viver
Ela, mesmo Cansada e com Frio, ainda Persiste
e te Faz o Convite para Nunca Fenecer.

Vamos, Não me Faça Esperar Tanto!
na Vida Há tantos Desencantos
que me Podem Fazer Enfraquecer
a Alma, a Sorte, e até mesmo o Amor
Vamos, ainda que minha Alma esteja Enferma
não há Lida que a Desensine a Viver
Sobretudo é dEla que se faz o Mundo
é Ela Alavanca para o Bem-Acontecer!

sábado, outubro 03, 2009

Nada

nada que eu diga
nada que eu pense
nada que eu sinta
faria alguma diferença

a não ser em mim
que sou a própria diferença
nada que eu faça
fará o mundo girar

quando gira
o mundo não pensa
não diz, nem sente
o que sou

ele simplesmente vai
como uma sentença
como uma verdade
como um amor

quarta-feira, setembro 23, 2009

Nos meus versos desajeitados
É que devolvo ao mundo
O mundo que me fez
Tento ser breve
Mas nada é tão voraz
Quanto a aurora
Dos dias de sua tez

Ali me perco...
sem tempo
me ouço...
no vento
e sou!

{ToN}

sábado, setembro 12, 2009

Carta de amor

Amor.
Por toda a minha vida minha alma poética vai tentar, com palavras,
explicar o que jamais alguém vai poder explicar em séculos de existência humana,
mas como você sabe sou bem teimoso.
Isso que quero que as pessoas entendam, principalmente você, não é nenhuma fórmula matemática, nem é sobre estrelas, nem filosofia. Por isso escapa de qualquer conceito ou teorema impresso em qualquer livro inteligente.
Se eu pudesse comparar a alguma coisa, compararia a você. Diria que tem a sua beleza de flor selvagem, o seu perfume suave de orvalho, e seu sabor agridoce. Todas comparações medíocres perto do que é sentido por cada célula do meu corpo quando toco seus lábios sedentos por mim.
Se eu fosse capaz de descrever a sensação, descreveria da seguinte maneira:
"É como acordar bem cedo sentindo a respiração das flores num dia de calor e sair descalço a andar.
Seguir o horizonte e me ver num instante de olhos grudados, refletindo o pôr-do-sol, nas ondas do mar.
E num mergulho desnudo imergir tão profundo até que o mundo implore respirar.
Enquanto, submerso nas tentativas de com um tesouro escondido me surpreender,
fizer das palavras silêncio e dos sentidos razão para não adormecer;
serei parte da busca ansiosa do dúbel destino de ser ou não ser.
Porém quando sentir meus pulmões movimentarem meus membros em busca do dia que deixei se pôr,
irei com minha alma afiada rasgar o tempo e as águas até chegar ao torpor
de abrir os meus olhos na superfície alva do espelho da lua a me inundar de amor."
Ainda assim não teria usado suficientes palavras capazes de descrever o que me tem alimentado a alma nesse mundo tão torpe. Por vezes inúmeras me vejo encharcado de pensamentos imundos que não deveriam estar me consumindo. Porém esses pensares são o alicerce da minha doente humanidade e é ela que me faz como criança chorar em seu peito. E sou grato por isso.
Ser um insano estranho não é fácil nem opcional. Mas ser capaz de sentir e pensar a vida como tenho feito é uma dádiva de magnitude infinita. E sou grato também por isso.
Portanto, quero que sintas hoje, e enquanto conseguir se recordar e sentir, o que venho tentado demonstrar dessa maneira minha. Quero que saiba, mesmo parecendo cafona, careta, piegas, que ainda quero dizer que te amo! E vou te amar por um bom tempo. Sem mesmo conseguir descreve-lo, o amor diz todos os dias ao meu coração que a vida vale a pena quando você
está do meu lado. E vale a pena tentar descrevê-lo para você!

...mesmo que não escutes...

até um dia...

terça-feira, setembro 08, 2009

Essa ânsia

Coça a testa, balanga a perna,
desdobra o joelho, estala os dedos.
Dores nas costas, inchaço no lombo,
ouvido entupido, o que é isso meu Deus?

Parece estresse, unha encravada,
caspa danada, micose mal curada.
Disseram ansiedade, eu disse que nada!

Mas então o que será
que me morde as bochechas?
Onde estão mesmo
as minhas verdades?
Quem vai me emprestar
um mundo distante?
Que mãos serão essas
nas suas madeichas?

Ah, que mundo maluco,
me faz girar junto!
Mas quero ir para longe,
dessa história confusa.
Que me afastam da paz e
me estremecem o amor.
Me causa nervosa alergia
e me dobra em três partes de dor.

É então meu etílico corpo
que reage ao que chamo de adeus.
Tentando aproveitar o que não consertei...
Ou até minha claustrofóbica alma
futucando o que chamo de meu.
Tentando escapar do que me tornei...

ToN

terça-feira, setembro 01, 2009

O gosto de gostar

O que sobra é o amargor
do final do gosto de amor
que só era gosto de gostar
sem saber que amar
também se trata de lealdade
dizer o que poderia ferir
por simples sinceridade
assim o amor vinga!
não por omissões e mentiras...

Me perdeu quando não disse,
me fez esperar por horas eternas.
E fiquei a pintar as arestas
de um utópico gostar indizível
que era tudo
menos gostar de amar.
Pois me feris, não a derme,
a face de que sou feito.
Faço agora o oposto de ti,
mas se te ferir, que fira o peito
Doloso da culpa sem arrependimento.

Só passa tudo aquilo que não quer ficar,
só morre o que não quer para si a vida...
És a fonte do medo de saber
o cruel destino das coisas insossas
...murcham como as flores!

domingo, agosto 23, 2009

Vento

Estava um dia frio. Você esfregava suas mãos nas minhas tentando encontrar alguma temperatura. O vento estava forte, vinha do norte, mas nunca fora tão incoveniente como agora. Porém foi ele que nos expulsou dali.
- Não aguento mais esse frio! - você disse.
- Nem eu essa distância... - disse eu entre os dentes.
- O quê?
- Nem eu essa ventania!
- Preciso buscar uma blusa! Vamos?
- Te acompanho!
Andamos abraçados, mas ainda não nos aqueciamos. Conversamos sobre nada, apenas saiam palavras escondendo outras. Não diriamos nada.
- Chegamos! Preciso de um cigarro! ... era a denuncia de que não estavamos ali pela blusa.
- Tenho o último.
Fumamos juntos e calados até o fim do último trago. Agora o tempo passava mais rápido. A vontade era maior. O vento estava do lado de fora. Roubei-te um beijo.
- Não deveria, né?!
Fui ao banheiro. Olhei no espelho e não vi nada, lavei o rosto;
Agora estava quente.
- Acho que vou embora.
- Liga a tv para não ficarmos mudos.
- Sabe que não vou resistir a você.
- Sei!
Ainda mais quente.
- Sabe por que viemos?
- Estava frio!
- Não, estava distante!

Pescoços.
Lábios.
Linguas.
Nuca.
...mais quente.
Sapatos.
Meias
Calças.
Blusas.
...ferviamos.
Nos sopramos, mordemos, bebemos, beijamos, amamos, até o torpor!
Foi só uma recaída...

Nosso segredo, nosso amor protegido!
Quando não será apenas sonho?

quarta-feira, agosto 19, 2009

Calo

Ora tento ser eu
desato os nós
no tato de dois
amando somos um
Ora tento ser você
Desminto os atos,
calo os fatos...
...e de novo estou só.

[ToN]

domingo, agosto 09, 2009

Butter fly

Me encontrei, em meu próprio padoxal continente,
indagando sobre a existência desses seres chamados borboletas...
Sempre me pareceram tão leves e suscetíveis a desencontros.
Voam por aí com asas psicodélicas e delicadas, sem imaginar que voar é surpreendemente mágico para seres aquáticos como eu.
Alcançam a densidade dos ventos eternos dessa quase presente primavera e praticamente não vivem por sequer uma estação, talvez por sempre se embebedarem dos fluidos florais. Descansam sem entender o motivo dessa falsa busca pelo belo.
Intrínsecamente é sua própria metarmofose camuflante. Esmiuçando toda a grandiosa natureza, torna o fenômeno da vida o mais belo dos "admiráveis seres". Uma existência despretenciosa que distribui elos vitais ao mundo dos nossos subjulgamentos, até, exaustas de sua inflamação espiritual, voltarem a nutrir o plexo terrestre.
Tão fascinantes! Tão coloridas e hipnotizantes!
Dessas crisálidas ainda surgirão expledorosos contornos do mundo.
E meus olhos hão de acompanhá-los...

segunda-feira, agosto 03, 2009

Amor quase sóbrio

Por algum tempo acreditei que existia alguma dose alcoólica equivalente ao adormecer da sua ausência. Passei horas a cantar a minha alva querência de você, mas me tornei rouco antes de terminar a melodia que me traduzia...
Tantas almas solitárias se confundem diante de mim. Não sabem sequer se sou humano de carne e osso, no entanto não sou mesmo um poço de humanidade. Porém me considero humano o suficiente para não desconsiderar qualquer ser, humano ou não.
Sou também nesse momento alma solitária, pois minha intensa realidade nada mais é que abstração. Tantas teorias em pról do vão acaso de viver, sem conhecer a extensa capacidade de ser surpreendido pelo despropósito da vida. Faço então das feridas um calo resistente ao inevitável, tentando confiar nos meus sentidos confusos e me concentrar nas coisas que amo.
As coisas que se vão sem voltar são tão presentes quanto as coisas que jamais irão. A carne se vai. A dor. O rancor. Mas não o amor.O que sou agora é uma fração consequente do que sempre serei. Mas não serei só, pois minha missão é despertar o que se tem adormecido: o amor!

quarta-feira, julho 29, 2009

Espasmos da alma

Em todos os passos andados
existem palavras cansadas
cheias de talvezes e premissas.
Passeatas aos deuses
do amor e dos silogismos,
a fim de eternizar os paradoxos
ou de destruir o passado moribundo.
Viva a inquietude da alma,
a ressaca do espírito,
a conquista do hoje pelo ontem,
que se foi
sem saber se deve
que se vai
sem dizer adeus!
É o que torna algoz
os desejos infiltrados
em cada sonho.
É o que torna lívida
a metamorfoze do mundo.
Irônico!?
Para quê queremos um mundo?

sexta-feira, julho 10, 2009

Amar o mar

Diante dele sou uma gota! Sou orvalho, maresia, chuvisco fraco de manhã... mas acabo sempre devolta aos lençóis de minha origem: Oh grande mar! És mais que mar, és oceano. És o que sou sem ter pele! E essa pele é a saudade.

quarta-feira, julho 08, 2009

Musicando as palavras

Falta a receita certa.
Falta a porta aberta.

Os vivos estão mortos de cansaço.
Os mortos estão fartos de cansar.
E só alcança a plenitude da vontade
As poucas crianças que acreditam na "hibridade".

A loucura é a inverdade do real.
A miséria da alma pode ser natural.

Não é real
Não é irreal
Não é real
Não é irreal

[ToN]

quarta-feira, junho 10, 2009


A quanto tempo não prego os olhos, tentando não perder todas as coisas que vão passando?! Me esforço para parecer competente ou no mínimo diferente e importante no meio de tantas pessoas que se consideram acima da lei do bom senso. Parece que uma pandemia invadiu todos cantos do planeta, semeando a doença do ego exacerbado, onde tudo que reluz pertence aos "bons" e tudo que é fosco fica com a ralé.
Eu, andando por ai com os olhos lacrimejando de sono, confundo as pessoas com minhas lágrimas involuntárias. Simplesmente ardem os olhos, seus falastrões! Para onde olho vem em minha direção uma ventania de poeira impiedosa. Quase cego ainda não desisto de propor ao mundo os meus pensamentos de insatisfação com toda essa sugeira nas ruas.
O que nos faz acreditar que precisamos de um lugar para alcançar? O que dá o poder de julgamento? Eu gostaria de ser uma bola de luz a vagar pelo universo, sem me preocupar com minhas roupas de segunda, nem com meus dentes mal escovados, nem com os cabelos despenteados, ou com a hora do almoço. Não queria ter que explicar nada a ninguém, nem ouvir o que gostariam que eu fizesse. Isso é rebeldia? Que seja! Cansei dessas caras de quadrado que me rodeiam, dessa incompreensão que nos assola e da vida que as pessoas levam. Vai ver é a maior maluquice acreditar que isso tudo pode mudar, mas mesmo cego de sono sinto essa esperança no ser verdadeiro, o filho da Terra. Aquele que sabe quem são seus irmãos.
Tudo vai ser mais simples, mais acessível e compartilhado. Que tolo sou eu!
Sei que a qualquer momento tudo vai explodir em milhões de partículas. Mas que sentido teria? Vai demorar ainda a chegar! Para onde eu estava indo mesmo? Acho que fiquei cego de vez. Ou então acabei dormindo sem perceber em algum canto dessa cidade empoeirada. Será isso então um sonho? Pois não vejo a hora de acordar para ver o que está acontecendo no mundo real. Mas será que alguém sabe?
Alguém aí pode me dizer?
Aonde vão seus filhos?
O que vocês os ensinam?
Como querem o seu bife?
Existem contas a serem pagas?
A quem você paga?
Quem fica na crista da onda?
São perguntas que me atormentam mais do que as do tipo: "qual o meu destino?", "deus existe?"! No momento tenho percebido que perguntas muito simples não me são respondidas. Noto também que não somente eu as tenho pensado desesperadamente. Está todo mundo mudo e eu cego. Não podem me falar o caminho, nem apontá-lo, nem me conduzir por ele, pois estão muito distantes. Por isso temos pesadelos a noite. Pobres de nós!


[ToN]

sexta-feira, abril 24, 2009

...só pensamentos...
Resolvi ontem fazer de conta que não fazia de conta, de repente todas as pessoas mudaram. Minha visão, minha percepção, claro afetados por uma boa dose de vodca, se confundiram entre as pessoas, todas elas ansiosas por vida. Numa grande, confusa e emergencial fuga do mundo, percebi o quanto todas as pessoas, incluindo eu, se manifestam na forma em que desejam o mundo. Mas também nos manifestamos na perigosa forma das coisas que não toleramos. Somos mesquinhos e infelizes diante os disturbios da nossa paz postiça.
Após muitos e muitos debates comigo e com as pessoas descobri que esse grande caldeirão de alteridade se encerrará da mesma forma que sempre se encerrou. A morte do corpo, das aparências, dos mecanismos, das leis da física, das interpretações artísticas. Todas essas coisas surgiram e evoluiram em nosso meio, e as tratamos como nossas criações, nossas idéias, nossas concepções. Tudo tão falho. Tudo tão imperfeito. E por serem imperfeitas é que precisam do complementar, do agrupamento de sentidos, para se tornarem mais universais. Fico a imaginar como tudo seria se todas as coisas fossem completas, únicas, perfeitas. Talvez um dia eu descubra, talvez quando eu não precisar fazer de conta que faço de conta.