quarta-feira, setembro 23, 2009

Nos meus versos desajeitados
É que devolvo ao mundo
O mundo que me fez
Tento ser breve
Mas nada é tão voraz
Quanto a aurora
Dos dias de sua tez

Ali me perco...
sem tempo
me ouço...
no vento
e sou!

{ToN}

sábado, setembro 12, 2009

Carta de amor

Amor.
Por toda a minha vida minha alma poética vai tentar, com palavras,
explicar o que jamais alguém vai poder explicar em séculos de existência humana,
mas como você sabe sou bem teimoso.
Isso que quero que as pessoas entendam, principalmente você, não é nenhuma fórmula matemática, nem é sobre estrelas, nem filosofia. Por isso escapa de qualquer conceito ou teorema impresso em qualquer livro inteligente.
Se eu pudesse comparar a alguma coisa, compararia a você. Diria que tem a sua beleza de flor selvagem, o seu perfume suave de orvalho, e seu sabor agridoce. Todas comparações medíocres perto do que é sentido por cada célula do meu corpo quando toco seus lábios sedentos por mim.
Se eu fosse capaz de descrever a sensação, descreveria da seguinte maneira:
"É como acordar bem cedo sentindo a respiração das flores num dia de calor e sair descalço a andar.
Seguir o horizonte e me ver num instante de olhos grudados, refletindo o pôr-do-sol, nas ondas do mar.
E num mergulho desnudo imergir tão profundo até que o mundo implore respirar.
Enquanto, submerso nas tentativas de com um tesouro escondido me surpreender,
fizer das palavras silêncio e dos sentidos razão para não adormecer;
serei parte da busca ansiosa do dúbel destino de ser ou não ser.
Porém quando sentir meus pulmões movimentarem meus membros em busca do dia que deixei se pôr,
irei com minha alma afiada rasgar o tempo e as águas até chegar ao torpor
de abrir os meus olhos na superfície alva do espelho da lua a me inundar de amor."
Ainda assim não teria usado suficientes palavras capazes de descrever o que me tem alimentado a alma nesse mundo tão torpe. Por vezes inúmeras me vejo encharcado de pensamentos imundos que não deveriam estar me consumindo. Porém esses pensares são o alicerce da minha doente humanidade e é ela que me faz como criança chorar em seu peito. E sou grato por isso.
Ser um insano estranho não é fácil nem opcional. Mas ser capaz de sentir e pensar a vida como tenho feito é uma dádiva de magnitude infinita. E sou grato também por isso.
Portanto, quero que sintas hoje, e enquanto conseguir se recordar e sentir, o que venho tentado demonstrar dessa maneira minha. Quero que saiba, mesmo parecendo cafona, careta, piegas, que ainda quero dizer que te amo! E vou te amar por um bom tempo. Sem mesmo conseguir descreve-lo, o amor diz todos os dias ao meu coração que a vida vale a pena quando você
está do meu lado. E vale a pena tentar descrevê-lo para você!

...mesmo que não escutes...

até um dia...

terça-feira, setembro 08, 2009

Essa ânsia

Coça a testa, balanga a perna,
desdobra o joelho, estala os dedos.
Dores nas costas, inchaço no lombo,
ouvido entupido, o que é isso meu Deus?

Parece estresse, unha encravada,
caspa danada, micose mal curada.
Disseram ansiedade, eu disse que nada!

Mas então o que será
que me morde as bochechas?
Onde estão mesmo
as minhas verdades?
Quem vai me emprestar
um mundo distante?
Que mãos serão essas
nas suas madeichas?

Ah, que mundo maluco,
me faz girar junto!
Mas quero ir para longe,
dessa história confusa.
Que me afastam da paz e
me estremecem o amor.
Me causa nervosa alergia
e me dobra em três partes de dor.

É então meu etílico corpo
que reage ao que chamo de adeus.
Tentando aproveitar o que não consertei...
Ou até minha claustrofóbica alma
futucando o que chamo de meu.
Tentando escapar do que me tornei...

ToN

terça-feira, setembro 01, 2009

O gosto de gostar

O que sobra é o amargor
do final do gosto de amor
que só era gosto de gostar
sem saber que amar
também se trata de lealdade
dizer o que poderia ferir
por simples sinceridade
assim o amor vinga!
não por omissões e mentiras...

Me perdeu quando não disse,
me fez esperar por horas eternas.
E fiquei a pintar as arestas
de um utópico gostar indizível
que era tudo
menos gostar de amar.
Pois me feris, não a derme,
a face de que sou feito.
Faço agora o oposto de ti,
mas se te ferir, que fira o peito
Doloso da culpa sem arrependimento.

Só passa tudo aquilo que não quer ficar,
só morre o que não quer para si a vida...
És a fonte do medo de saber
o cruel destino das coisas insossas
...murcham como as flores!