sábado, dezembro 31, 2011

Crítica do tempo

Acho que quando eu nasci, ou morri talvez, o Pink Floyd lançava o albúm 'A Momentary Lapse of Reason'. Mas o importante nesse fato histórico é o quanto o tempo poderia ser não imprevisto. Se é que poderia, pois se trata de algo abstrato e incompressível em relação aos seus desencadeamentos. Oh, máquina do tempo! Leve-me àquele momento!E quando eu lá estiver, direi a quem eu fui ou serei, a mesma coisa que só eu poderia ser, a mesma coisa que não sei. Pois de outra forma nunca haveria de se suceder. Como se de outra forma eu já nem fosse ou seria eu. Quem seria então? Será que ao menos eu existiria em outro lugar inacessível a mim? Como eu poderia ser outrem a quem não prouvesse hidratar os seus próprios rins? Como minha garganta se adaptaria ao outro clima, como seria a cor da minha epiderme e da derme da minha família? Será que o tempo só existe por que todas as coisas e eu existimos, então? O fato é que só somos certas pessoas, ainda que haja a possibilidade de sermos outras diferentes de nós mesmos, uma vez. Mesmo que ao não sermos deixemos de existir para o mundo e deixemos de existir aos poucos esquecidos entre a fome e a miséria no escuro. Num verdadeiro purgatório onde só existem sonhos ruins ou sonhos ludibriantes que jamais poderiam realizar-se...
Como tempo, como pude eu ser eu assim? Será que estou sendo mesmo eu ou será que estou deixando que tomem conta demais de mim? Oh, máquina do tempo, você só existe se o tempo existir! Já que ainda não te encontrei ao vivo, que nem tempo nem máquina existem posso concluir! Pois me sinto naqueles sonhos estranhos nos quais suas informações me confundem a mente para fazer eu pensar se há mesmo verdade no tempo ou nas rodas que giram ponteiros e ligeiros momentos, adentram na confusão e do tormento de transformar nossas vidas em algum unguento para as feridas que brotam além da capacidade de raciocinar. Eles, as rodas e os momentos, giram ligeiros cicatrizes adentro levando a vontade a todo o corpo de se modificar. Quase sempre nossos lapsos de convicção e razão das coisas nos cegam para todas as outras dimensões. Nossa própria razão remedia o abstrato ignorando sua existência e sua própria forma de compreensão. E por isso é que há fome para tantos e há soberba para alguns. Para outros há grilhões, desespero, infecções!
Há momentos em que a dor passa, outros não! Fica só o que é verdadeiro; é o que peço ao meu guia de luz! Mas e essa condição? Essa festa nesse dia do ano, essa cara, esse pano. Que me cobram tanto esses homens de cifrão! Não me interessa juntar riquezas enquanto vejo tanta solidão. Abusei mesmo dos ãos, pois sei deles coisas grandes e bem feitas. Posso usar de novo aquele relógio que perdi no mosh do rock da matemática e letras? Não posso. Então o tempo existe, meus caros. E ele não é só abstrato. É o agora que detona, o ontem digerido, o amanhã em coloridos que a visão não pode captar ainda. Oh, máquina do tempo, não me leve para nenhum outro momento! Acho que prefiro ser eu aqui. Por enquanto... tenho vida!

sexta-feira, dezembro 30, 2011

Felizes memórias (COMMEMORARE)

Mais um ano se vai. Tudo o que se passou neste ciclo encerrado agora vira um amontoado de lembranças, aprendizados ou até novos inícios de outras lembranças e aprendizados para o futuro. Infelizmente, parece que de um ciclo para outro o ser humano evolui e aprende de forma muito lenta, apesar de acharmos que com tanta informação flutuando em ondas em volta de nossos cérebros somos seres compreensíveis e sábios. Enquanto tudo o que vejo de fato é oposto de evolução e engrandecimento espiritual. Refletido nos olhos dos trabalhadores cidadãos há ilusão e vergonha por ter desistido dos seus sonhos. Pois já não há nem tempo para lembrar-se dos seus próprios desejos quando se vive a mercê das vontades de alguns poucos. Algumas pessoas destinam 12 horas de seus dias a propósitos que não são seus, vivem seus dias cansados da rotina de não se conhecerem, a rotina da negação de seus sonhos para servir a necessidade que a sociedade impõe. Por causa de fatos como esses, minha esperança e otimismo para o novo ciclo que se inicia se voltam em direção da sabedoria do povo. Sabedoria baseada no amor pela justiça, no amor ao próximo, na fraternidade, na comunhão. Não podemos mais fechar os olhos durante o nosso ano inteiro e não lembrar de sonhar. Não podemos fingir que o que fizermos na festa de comemoração da passagem iremos repetir durante todo o restante do novo ano, pois sabemos que não passaremos comemorando o ano todo. Vivemos a tragédia da ignorância própria e do esquecimento alheio. Já não podemos nos dar ao luxo de não sermos vigiados. Há câmeras em todas as esquinas. E que liberdade para viver o amor nós teremos nessas condições? Sendo o amor o princípio para a liberdade e a dignidade, que enfim é justo por natureza. Mas não há problemas em comemorar um novo ano. Há problema em apenas comemorá-lo e não fazer desse tempo um aprendizado de superação e força. Apenas comemorar e deixar as coisas como estão é uma prática antiga originada na esperteza dos poderosos em manipular as suas emoções para que você produza o máximo possível no maior tempo possível. No fim do ano, quando todas as suas emoções já não suportam serem contidas, você as transforma em comemoração. Comemoração pelo o quê? - eu me pergunto. Pelo o que foi ignorado, pela doença do planeta, com certeza não! Mas pelo advento da esperança no amanhã, pela crença na verdade e na luz dos novos dias que raiam e alvorecem nos nossos corações. Comemoro pela vontade de ainda viver, mesmo com tantas injustiças e crueldades humanas. Comemore pela força que adquiriu em todo esse tempo enfrentando tantas adversidades. Comemore e sonhe! Sonhe com a benignidade do mundo, com a prática da paz, com o auxílio de seu irmão. Sonhe com o respeito, com a franqueza, com os raios translúcidos da verdade... É o primeiro passo para conquista da felicidade.

FELIZ ANO NOVO!!!

sábado, dezembro 24, 2011

sincrônico

Talvez eu nada sabia sobre mim e sobre o mundo, afinal. O pouco que pensei entender muitas vezes me fez questionar sobre sua real importância e algumas outras vezes perdia o sentido numa contradição descarada. Mas, enquanto houvessem questões, ainda haveria de se obter alguma resposta.
Não imagino qualquer coisa desligada e independente do todo. Logo, meus dedos em sincronia com a vida trataram de registrar de alguma forma esses entendimentos que por vezes se perdem entre tantas efemeridades. Mas o propósito permanece sempre oculto e transitório. Ganha quem dá ao sentido alguma aplicabilidade, que em seguida é um sentido também reformado e sujeito ao novo por vir. Se esses pensamentos acontecem, é por que de fato podem vir a ser parte de algo maior e mais concreto.
Por enquanto, aquele caderno de anotações serve como registro de interpretações que podem vir a ser algum dia canalizadas e entendidas como necessárias ao desenvolvimento da humanidade. A prepotencia não existe aqui, pois já não é de mim que depende a existência de tal elocubração. Sou apenas o veículo de manifestação das ideias que merecem ser disseminadas com a finalidade de derrubar outras ideias e conceitos baseados na pura ignomínia e soberba.
Para mim, o combustível que alimenta o motor dessa vontade de compreensão é o amor pela harmonia das diferenças e a liberdade dos sentimentos. Que seja assim, o mundo uma nova fonte de amizade entre todos seres. Onde respeito e paciência são requizitos de grande reconhecimento. Onde a vida não seja jamais excluída de sua própria existência e que seja tão forte quanto for intenso o desafio de superar-se.

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Medo, dome-o


Esqueci-me de quantos tantos já fui
Só hoje quando voltei de um transe
Descobri insone que de mim sobrou mui
Muito mais que achei ter superado
Outros medos que desconhecidos emanaram
Em minha mente demoraram em descanse
Fizeram-me encolher e fugir amedrontado
Convenceram-me de uma tal solidão
Um vazio no peito incurável
Pois já não sabia se passada mensagem
Era real ou ilusão
De um temor que se tornou memorável
Nasceu um pequeno desejo
Chamado coragem
Esse proclame que sai do segredo
É a solução para que se dome o medo
E retirar da pavorosa mentira
A força para viver a verdade

Retorno

Quando se percebe que quase todas as coisas em sua mente não são apenas pensamentos malucos, sem fundamento e sem crítica. Quando se é capaz de observar o quanto suas impressões sobre a vida eram sim equânimes e plausíveis e tinham na verdade um grande sentido embuído, parece que junto com essa percepção há uma certa responsabilidade da qual não se pode fugir, que te mostra o quanto você foi capaz de aprender com suas próprias observações.
Antes disso passei um bom tempo afastado das minhas próprias crenças, negando-as para não ser intolerante ao não tentar compreender qualquer outra crença diferente da minha, mas expus meus ideais e atos à diversas possibilidades remotas. Então, não sei se fui sincero comigo o tempo todo ou se tentei camuflar meus próprios defeitos nessa busca pela capacidade de tolerar mais e mais, tentando me tornar um ser mais solidário e compreensível. Ao mesmo tempo que muitas vezes me via incapaz de desejar boa noite aos desconhecidos na rua...
Enfim, talvez esse seja um retorno ao registro dessas ideias que não se permitem morrer. Esse insight que tive, me mostrou o quanto essas palavras que penso e não digo podem fazer falta ao mundo e matar de mudez a garganta que embola suas cordas vocais ao se deparar com a vontade eminente de cuspir diante das ludibriantes inverdades do poderio corrupto. Me mostrou que devo dizer ao sol e ao mar o quanto os admiro e a natureza o quanto a bendigo. Devo dizer que não posso mais esperar que minha hipocrisia devore meus sonhos para saciar a vontade daqueles ímpios que praticam a iniquidade de favorecer-se em detrimento do próximo de maneira injusta e covarde. Devo dizer que quero ser voz, mesmo que despretenciosa, para plantar a semente da discutibilidade. Devo dizer que mesmo que me sobre apenas eu mesmo para dialogar sobre tantas elucubrações em minha mente, talvez eu me agradeça por dizer a mim sobre a capacidade de empreender ideias em pról de mudanças para melhor dentro de mim e dentro de tudo.
Talvez esse seja um retorno...