sábado, fevereiro 26, 2011

indo e vindo

to sempre no meio dessa passeata
às vezes cansado, às vezes tentado
em trilhas e lagos que matam a sede
de volta de novo na mesma parede
contorno o escuro com luzes neon
tateio o ar como quem respira com a mão
grudado na coragem que me faz
saber ir vir pelo mesmo caminho
sugeito a mudar
indo e vindo
no meu dedão um furo de espinho
que não me fez desistir de seguir
ciente que nem sempre alcançar
está ligado a um lugar diferente ir
de repente voltar e festejar
é mais agradável que viajar
mas o meu tempo aqui acabou
logo é hora de de novo partir

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

lampejo distante

,de que vale a sua vontade
de que lado está a primária verdade
que tantas alegorias e alas
insistem em deixar pra lá
festejando a morte da vida
existente em todo lugar

,onde vai a vossa astúcia
tão fundamental na existência
do imoral e eloquente
dignidade da pelagem
alimentando um sopro virgem
que já preside essa palavra

,por que se desfaz a consciência
e a imagem inicialmente colada
em placa vicissitude solo
matamorfoseando-se sem trocar
o diafragma de sua fraca voz
manifestando-se aleatória

feito distante lampejo estelar...

?
li o livro do universo
perplexo fiquei com tanto caos
desejei a sorte da deriva
num mar de águas limpas
sem larápios, nem ninguém
senti medo do inverso
das paisagens que não vejo
que enfeitiçam os sonhos
escondidos nos lampejos
da consciência seminua
o sangue na garganta
o pó nas ruas
a loucura santa

domingo, fevereiro 20, 2011

estraños

a gente se encontra, se desconhece
se ama e depois se esquece
que amar é pra sempre
e viver pedindo que um dia aconteça
pode ter uma consequência ruim
até o dia em que você reconheça

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Sagrado



Oh, suprema criação, me curvo diante de ti
Guie-me entre as rochas, soberano inabalável devir
Entre os vales escuros do medo e da enferma solidão
Ilumina meus olhos com coragem e leva-me forte e intrépido
Onde às margens de sua glória eu repouse em sua mão
Saudoso sob o Sol e a Lua, da natureza me faz servo
Dá-me discernimento e sabedoria em pró da verdade e da justiça
Sonda-me em seu propósito até o dia da minha partida
Abençoa minha boca com o dom do seu divino verbo
Com sua música possa eu acalmar meus queridos irmãos
Com sua paz e sua harmonia dignifica o meu coração
Ensina-me a bondade, que minhas mãos carreguem a partilha
Para proteger os fracos da mentira e da dor
Cubra-me de serenidade, faça-me instrumento altruísta
Afasta os inimigos com a grandeza do seu amor

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

contrapeso


Carrego complacente o distintivo inglório de achar estar sem modificar,
de não me ater de prazerosos hábitos em pról do que julgo ideal.
Falo com a voz de todos os inclassificáveis irreconhecidos por si.
Sou a busca a contragosto da contracultura que reformula a moral,
mas sei que o pouco que mudo do modo que uso não pode ser roubado.
Não tenho sequer um rosto dotado da atroz e imagética convinção.
Me assemelho à vontade de bondade impressa em cada ato.
Não confio na lei que se diz justa perante a própria contradição.
Sou, no entando, uma verdade calada que se julga privada da própria criação.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

por mim


Gosto da poesia encravada
a que dói pra sair
depois entra confusa
nas orelhas soturnas
caladas a noite
cheia de amor entalado
pronto pra eclodir

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Pulsátil

Ele se adapta volátil
feito líquido se aloca
em qualquer espaço
mas entre nuvens sufoca
portátil feito célula
come dias e cospe horas
aferida impressão
cabe insólito retrátil
na palma da mão
cansado se afaga
na própria imersão
desmembra e se cala
desvia da ótica e rala
figura da visão aquátil
gradativo escurece
sonho feito de canções
nobre líquido suspeito
inodoros embriões
na varanda do seu leito
suaviza obstruções
desacorda desavisos
fita a breve sombra
alojada na retina
rotinada em temperança
imbuída em demasia
em disciplinada inconstância
pulsátil

terça-feira, fevereiro 01, 2011

empoeirado de lembranças

Ontem achei você
Dentro de uma caixa de velharias
Mesmo depois de tanto tempo sem me ver
Fiquei pensando se talvez me querias
Meu dia como um filme antigo se foi
Cheio de letras, cafés e memórias
Quis urgente te encontrar, amor
Dessa vez num momento real a dois
...
Vivi tanto tempo sem saber enxergar
Que meus dias só viraram histórias vazias
Mas não sei se amanhã ainda vou te amar
Ou se você vai lembrar do que antes valia
...
Hoje me perdi de você
Já nem lembro seu telefone ou endereço
Não sei se o tempo me ajuda a voltar
Se me ensina de uma vez e te esqueço
Dizem que o amor verdadeiro é para sempre
Sinto muito se o nosso for para nunca
Talvez comigo seja um pouco diferente
Por isso nosso enlace por ora trunca
...
O destino me pede para ter paciência
Talvez o dia de nosso reencontro demore
O tempo é o cúmplice dessas evidências
Impediu que erosão e esquecimento as devore