quinta-feira, setembro 30, 2010

umdiacomumdia

É questão de tato ou não
viver tentando a sorte no amor
ou passar 1 mês da sua vida numa fila
de um super-supermercado
1kg de alegria não da nem pra um dia
consumo tudo na hora
1L de sorrisos sinceros são suficientes
pois é caro e raro
Paciência e gentileza estão em falta
Pensei em só conversar com o caixa
mas a fila tem pressa pra sair
o que vim procurar aqui
ninguém sabe se existe
um dia chamaram de flor
outros chamavam lua, afrodite
querer bem, Eros, gostar muito
ah, tanta significação fez desaparecer
das prateleiras, das noites juntos
Mais que o sonho deixa viver

Pego todos os trens
sem querer desembarque
Apenas me interessa
a viajem com você
por isso embarco em todas
Mas não volto pra casa
pois a hora está vazia
a voz me fez rouco
na procura do oco avatar
que levaria onde essa agonia
de estações cheias e sedentas
seja apenas um bad dream

quarta-feira, setembro 29, 2010

Hipotergia I

Arte pela expressão corporal
Mostra que o comportamento
que é moldado pelo padrão cultural
pré-estabelecido
não deve ser seguido.
Não precisamos de dicas de como
nos comportar, agir ou falar.
Viva a arte da escolha individual.
Chega de preços, de propaganda,
dessa massificação.
Pra que roupas se posso me pintar?
A caixa representa o que querem
colocar dentro da minha mente,
mas não preciso de caixas a me dizer.
Vou dizer ao mundo com minha caixa redonda,
minha identidade quase esquecida
no consumismo.
Não quero um lugar para ir,
quero estar vivo em todo lugar,
aproveitar,
aprender,
despertar,
absorver...

quinta-feira, setembro 23, 2010

noite lente

Acordei com gosto de rock
derrubando uma pilha de necessidades quaisquer
desviei do negro óbvio
e me encharquei de nuvens aleatórias do véu
desvelado vedamento vulgarizado
furta tempo, troco pardo, rato alado
bebe a lasca esgotada água
és gota d'água
no chão da pedra pó de preto solado
do fio quase meio
vejo a porta bater no vento
corro a tempo pra perguntar pro ar
se a dor faz nota crua ou inventa
na morta tábua fria sortuda
o açoite é vida
a noite é lenta

quarta-feira, setembro 22, 2010

voz, muda

hidrobomba de dupla-alienação
deturpa nossa causa oportuna
destitui nossa supra-ligação
nossa vaga coisa imunda
nossa casa suja
afunda na dormência da escolha
estúpida propaganda falsa
que convence tantos sonhos
maquiagem, claquete, oratória
interlocução de vagabundos
senadores propinários
incompetentes salafrários
anarquismo é a minha
sem poder que me oprima
e me imprima condições
somos livres
não viram ainda?
eu proponho
(R)EVOLUÇÂO!!!

segunda-feira, setembro 20, 2010

Vou andando por aí
ceifando almas brothers
almas plenas que me entendam
que eu possa compartilhar
esse mundo
esse plano de fundo
da nossa pobre existência
solitária
vivos poucos
nobres fortes
intelectos não infectos
complementos da falange
protegendo esse resto
de lealdade e honra
que só os porreta-de-coração
são capazes de cultivar
hora de juntar forças
escolher o lugar certo
e rumar prum novo ar
sem essa de 'individuismo'
sem papo de comodidade
o negócio é urgente!

sexta-feira, setembro 17, 2010

Já nem sei se penso no que sinto ou se sinto o que penso. Razão e emoção parecem ser o mesmo laço. Quando penso em não sentir já desfaço o que era. E se me sinto pensar de novo, me desprendo da certeza desse abraço. Quanta incerteza esse mundo me apresenta. Vago no caos, caio no vago vagão parado. Divagando na confusão saborosa das cores. Cores que sou tom sem ver de perto. Deturpo verdades para ver se ainda da certo. Mas viver só tentando parece bem chato para quem tem pressa. Será que existe cura pr'essa minha loucura? Será que consigo viver sem abrigo seguro? Meu terno amigo distante consigo ouvir dizer. Vai fundo, meu brother, esse mundo é todo pra ser dissolvido. Não pense que tudo se acaba no fim do domingo. Existe um caminho impreciso que só precisa seu olhar. Se ele pensa ou sente é o que as fotos que tira dirá. No entanto, é mesmo tudo mistura que da o tom pra mudar. Vai misturando!

quinta-feira, setembro 16, 2010

tomei parte do coração

Cheio de xilocaina na visão
divaga sem panela pra fazer feijão
Não vá mais atrás dela sem levar
cajado-jorra-amor de filme de ficção
Crava-lo na bandeja filha única
team master de fazer lipoaspiração
Inspira toda atmosfera tetra-cão
Na sua mortadela morte é só
tempeiro dela vívido de sensação

Para pé pois é hora de mandar cartas
Já é folga terra viva que me escorro
para saciar a sua sede deito morno
Ouço quase você pensar que me quer
na levada da sorte vou com a maré
sopro, solto, largo e volta
no sentido anti-horário
que é pra ficar mais legal
superstição de doido é confusão normal
fizeram parecer que é só ilusão
amor, você me renova, liberta
minha convicção
estoura essa cota de migalha
que disseram ser moderna
é o microsser-renovante
roendo a nossa perda
poroso, civilizante, cheio de balela

Só quero deitar nu mar da praia
sentir a ondulação
debaixo da sua saia
amar todo espaço escondidinho
falar coisas bonitas
adormecer no seu carinho
depois o nosso amor vai revolucionar
planar sobre o céu
enche-lo de arte a harmonizar
a fonte de onde vou ficar
com você
com vocês
que são todos meu par

sexta-feira, setembro 10, 2010

revolucionamos

Meu amuleto Minha guia
O convite Pra liberdade
Amor Verdade Incondicional
Suprema Proteção
Lealdade
Que duvido
Contradigo
Investigo
Sómensina
Que sou adversidade
Tanta rima pra que?
Nem me serve de nada
Só transgride O que parece
Poder ser Revolução
E se for? Espere
A condenação Pelo preço
Pago porco Dessa nobre
Mochila vazia Cheia de nozes
E de mins Cheios de vocês
Transmutamento Descuidado
Queria ter uma cerveja
Pra brindar nossa emoção
Mas não tem Niguém aqui
Mas só vamos percebendo aos poucos

quarta-feira, setembro 08, 2010

claro volto

Claro que me orgulho
quando entro no boteco
todos mudam de mesa
fazem do silêncio novidade
e eu só penso em pedir
algo mais forte
Uma vodca, por favor
com ela eu me dou bem
nem dor de cabeça
nem ressaca
nem essa vontade
de chutar a távola hipócrita
cheia de analíticos clínicos
que te observam
catalogam...
ah, primeiro gole de euforia
um dia apresento-lhes
a incrível loja de fast feelings
fiquei na hora
do jeito que queria
Uma dose de ignorância
pra esse cara aqui do lado
isso ele já tem de sobra
mas quem sabe ele vomita
no pé da porta de entrada
dito e feito
todos assistem agora ele
já sou mera figuração
sou da mesa dos que mais riem
precisava mesmo
dessa noite turbulenta
agora mais me orgulho
de ser quem sou
pois na barraca de fast feelings
eu só vou de vez em quando
enquanto ele fica mudo
só tentando se convencer
mas que besteira
escrevo tudo depois
só pra não esquecer
sou um peixe
que segue a corrente
ou contra ela teima em ir
única conclusão que tive
nem vocação pra conversa agradável
esse povo tem aqui
tem gente que salva
mas daí a gente some
vai pra praia
ver violão
e tocar o mar
quando mergulho
nem da vontade de voltar

domingo, setembro 05, 2010

o tempo, amigo

Vocês são cheios de censo
Cheios de lenços sujos
E outros olhos secos
Sem lacrimejos alguns
Só inoculares jejuns
Que te tornam novo
Disponível ao volver
Dois
Sovam as portas pobres
Os zíperes enferrujados
Jeans rasgado empoeirado
Feito adolescer, doutor
Ai vão eles
E eu fico a pensar
Um dia fui jovem
Agora quem será?
Sou ainda nobre velho
Jovem envelhecer
Nada diferente de você
Ah, la vamos
Um dia nos conhecer
Mesmo que demore
Só para não enlouquecer
Venha me visitar
E que venham velhos novos
Amigos a ver
Que se ainda forem
Quem disseram um dia ser
Talvez verdade venha ler

quinta-feira, setembro 02, 2010

moinho

não é minha mão que escreve
eu só escrevo o que o mundo
escreveu sem-tempo em mim
todo som obtuso
toda cor mistura
cada cheiro intruso
ou diferente textura
trança complexa de ‘ins’
inspiração ou incompreensão
invenção de transitoriedades
aleatoriamente combinadas
que modificarão verdades
não é mais selada a fonte
tudo que me sou depois
é fração do que foi antes
a memória impressa em meu nome
a captação dispersa de novos ondes
me faz figurar intenso
um caminho pro horizonte
e nesse moinho encontrarei você

quarta-feira, setembro 01, 2010

enquanto a mendiga samba

...samba triste a mendiga
que no colo a cola gruda
dorme fria na perna de pedra
da calçada na sombria rua
mas ela samba subversiva
sem saber se amanhã
irá comer ou bolar um
fritar de dia o couro
a pedir ao nobre rico
o pouco que pro lixo
vira sobra
veio a sobrar
do que pra merda falta
ser digerido pelo abdômen
adiposo da mórbida família
inovelada pela sádica falta
de compaixão pelo mundo real
o que de hipocrisia parece
se espalhar feito vendaval
no sorriso canceroso
do carbono preguiçoso
que a fumaça viva corrói
enquanto a mendiga samba