Não inventa uma desculpa
não invada o absoluto
não discuto
pois assim eu sou melhor
eu sou astuto
Caçador de prateleiras
inventor de verdadeiras condições
Toda essa sua elevação
escorrega no metal
desintegra o social
vira tudo alienação
Original é propaganda falsa
que disfarça
mas não nega
a contradição
Carnívoro!
sábado, julho 31, 2010
terça-feira, julho 27, 2010
Magnólia
Magnólia, olha
olha para o céu
o tempo passa e você nem nota
o luar encoberto
você parada na porta
o tempo passa e você nem nota
olha, Magnólia
é noite a várias horas
o sol já se pôs
e você parada na porta
olha para os lados
a vida é muito curta
os dias anda mais
não vá se queixar
se seus sonhos ficarem para trás
Magnólia, olha
não fica aí estatelada
como se tivesse perdida na estrada
os dias passam e você nem nota
a morte finda
apenas disfarça
pois aí nada passa
a noite às estrelas
olha, Magnólia
se não olhar
não vê as belas
maravilhas que sem ti
são cegas se
não vê-las passar
olha, Magnólia
pois só é belo aquilo que se passa
só é sentido aquilo que se abraça
mas a noite passa e você nem nota
Magnólia, olha
é chegada a aurora
olha para o céu
o tempo passa e você nem nota
o luar encoberto
você parada na porta
o tempo passa e você nem nota
olha, Magnólia
é noite a várias horas
o sol já se pôs
e você parada na porta
olha para os lados
a vida é muito curta
os dias anda mais
não vá se queixar
se seus sonhos ficarem para trás
Magnólia, olha
não fica aí estatelada
como se tivesse perdida na estrada
os dias passam e você nem nota
a morte finda
apenas disfarça
pois aí nada passa
a noite às estrelas
olha, Magnólia
se não olhar
não vê as belas
maravilhas que sem ti
são cegas se
não vê-las passar
olha, Magnólia
pois só é belo aquilo que se passa
só é sentido aquilo que se abraça
mas a noite passa e você nem nota
Magnólia, olha
é chegada a aurora
segunda-feira, julho 26, 2010
regresso
Tchau
Agora que chego abre-se um vão
o lado do imã que expulsa vem
as derrotas na carapuça
as vitórias na mala de mão
A partida inevitável
arrebata sentidos
a despedida inadiável
não me sai dos ouvidos
Ela ainda não chegou
para me dizer o quanto foi bom
falou que amanhã seria melhor
e desligou
Jovem me apresento
Velho me despeço
Cansado ou desatento
Chega a hora do regresso
Oi!
Agora que chego abre-se um vão
o lado do imã que expulsa vem
as derrotas na carapuça
as vitórias na mala de mão
A partida inevitável
arrebata sentidos
a despedida inadiável
não me sai dos ouvidos
Ela ainda não chegou
para me dizer o quanto foi bom
falou que amanhã seria melhor
e desligou
Jovem me apresento
Velho me despeço
Cansado ou desatento
Chega a hora do regresso
Oi!
quinta-feira, julho 22, 2010
desajuste
Esse sabor insípido
da superfície fria do espelho
Que fumega o trisco
do silêncio que me norteia
Solidão que é de dentro para fora
como olhar uma parede nua
é o passar lento das horas
a distância insossa e crua
Quando chover de novo juro
não desferir flechas no escuro
nem sonhar demasiado
nem morrer no primeiro ato
Os sonhos estão distantes
onde a abóbada do destino desencontra
a verdade sobre a turva ponta
que me descansa na sua sombra
Mas ainda o amanhã me fomenta
mesmo nas horas de triste sonolência
mesmo nos dias que não amanhecem
mesmo quando a dor me alimenta
Sigo como o visgo da suma afronta
que se agrega a novas rimas
a finda, a esquiva e a desmonta
Parasita da vida
infortúnio afortunado
acrescenta-me
atrozmente
atormenta-me
indecente
Ciclovias paralelas
velozmente desconexas
onde caibo
nas janelas?
Transeuntes de portelas
picardia de donzelas
onde encaixo
minhas pernas
Entre outros desencontros...
da superfície fria do espelho
Que fumega o trisco
do silêncio que me norteia
Solidão que é de dentro para fora
como olhar uma parede nua
é o passar lento das horas
a distância insossa e crua
Quando chover de novo juro
não desferir flechas no escuro
nem sonhar demasiado
nem morrer no primeiro ato
Os sonhos estão distantes
onde a abóbada do destino desencontra
a verdade sobre a turva ponta
que me descansa na sua sombra
Mas ainda o amanhã me fomenta
mesmo nas horas de triste sonolência
mesmo nos dias que não amanhecem
mesmo quando a dor me alimenta
Sigo como o visgo da suma afronta
que se agrega a novas rimas
a finda, a esquiva e a desmonta
Parasita da vida
infortúnio afortunado
acrescenta-me
atrozmente
atormenta-me
indecente
Ciclovias paralelas
velozmente desconexas
onde caibo
nas janelas?
Transeuntes de portelas
picardia de donzelas
onde encaixo
minhas pernas
Entre outros desencontros...
terça-feira, julho 13, 2010
Pela boca
Você é o que você come
e nem tudo que se come é pela boca
ou desce pelo esôfago
nem sacia só a fome
Algumas coisas não vem em pedaços
São transeuntes aéreos
Uns são pelas mãos, outros por abraços
Vem pela luz, pelo gracejo
pelos pés na areia,
o braço da viola
Vem pelo céu, distante lampejo
Das montanhas o urro
Do vento o assopro
Das cores do tempo
Dos cortes à casca
a nudez e os panos
Da morte ao nascimento
e nem tudo que se come é pela boca
ou desce pelo esôfago
nem sacia só a fome
Algumas coisas não vem em pedaços
São transeuntes aéreos
Uns são pelas mãos, outros por abraços
Vem pela luz, pelo gracejo
pelos pés na areia,
o braço da viola
Vem pelo céu, distante lampejo
Das montanhas o urro
Do vento o assopro
Das cores do tempo
Dos cortes à casca
a nudez e os panos
Da morte ao nascimento
segunda-feira, julho 12, 2010
PARA [-BEIJOS] & [-QUEDAS]
Qualquer tarde de domingo parece ir vagueando pela janela lenta. Para despertar de tais períodos ociosamente diurnos faz-se todo aquele ritual de esperar pelo dia seguinte: segunda-feira. Mas até mesmo segundas são dias preciosamente inesperados...
Quando se olha de uma janela ao entardecer nem imaginamos o quanto as idéias estão a se dissipar em meio a tantos turnos e horários e planos. Se eu soubesse o quanto me espera num dia qualquer, talvez não vivesse e visse tantas imediações da vida. Mas foi quando a vi em meio a tantos distúrbios existenciais que percebi o quanto podemos evitar algo por simples incredulidade. Não me julguei por isso como costumo fazer na maior parte de qualquer dia da semana. Apenas a observei passar como se seu despenteio estivesse sob a minha janela. E mais uma vez esperava a segunda chegar.
A respeito de mim ela talvez soubesse mais do que ela mesma imaginava, e de repente já estávamos onde nossas peles encontravam o menor caminho de se encontrarem. Sim, achei muito confusa a brusquidão desse encontro de energias moleculares, mas também pensava ser mais uma dessas coisas que a vida cisma em derreter. E quando derrete não há temperatura que recupere o estado físico de antes. Como as coisas são torpes! Inventamos fórmulas para a vida como se ela realmente tivesse um padrão. Mas a verdade é que nunca se sabe como são as terças-feiras daquele senhor de idade que atravessa a rua com dificuldade de enxergar o outro lado. Eu apenas olhei para Ela e sorri. E senti como meu sorriso havia sido entendido.
− Olá! – ela me disse um dia depois.
E novamente nossos sorrisos se compreendiam. Engraçada essa história de conhecer alguém. Existe realmente algo conspirando em torno de todos os acontecimentos de nossas vidas? Já mudei de opinião sobre isso inúmeras vezes, mas aos poucos vou entendendo que somos nós mesmos que nos dispomos ao que vivemos. Sempre há alguma razão ou emoção envolvida, e que graça teria se não houvesse?! Talvez seja só um transtorno obsessivo da minha mente procurando sempre encaixar a vida numa linha contínua. Mania de qualquer ser humano, na verdade, de medir tudo que não seja controlável. As horas, os dias, o peso, volume, altura, profundidade. Eita mania besta!
─ Sabe aquelas estrelas ali? – ela me perguntou uma noite dessas. - ...devem ser uma constelação que não conhecemos. Digo não que só nós não a conheçamos, mas que ninguém no mundo a tenha batizado. Seria pretensão minha batizá-las da forma que eu quizer?
─ E por que não faz isso? – eu sempre faço essa pergunta.
─ Talvez não haja motivos para isso.
─ Os motivos partem de nós mesmos.
─ Constelação de mim!
Está aí, uma constelação inesquecível...
Quando se olha de uma janela ao entardecer nem imaginamos o quanto as idéias estão a se dissipar em meio a tantos turnos e horários e planos. Se eu soubesse o quanto me espera num dia qualquer, talvez não vivesse e visse tantas imediações da vida. Mas foi quando a vi em meio a tantos distúrbios existenciais que percebi o quanto podemos evitar algo por simples incredulidade. Não me julguei por isso como costumo fazer na maior parte de qualquer dia da semana. Apenas a observei passar como se seu despenteio estivesse sob a minha janela. E mais uma vez esperava a segunda chegar.
A respeito de mim ela talvez soubesse mais do que ela mesma imaginava, e de repente já estávamos onde nossas peles encontravam o menor caminho de se encontrarem. Sim, achei muito confusa a brusquidão desse encontro de energias moleculares, mas também pensava ser mais uma dessas coisas que a vida cisma em derreter. E quando derrete não há temperatura que recupere o estado físico de antes. Como as coisas são torpes! Inventamos fórmulas para a vida como se ela realmente tivesse um padrão. Mas a verdade é que nunca se sabe como são as terças-feiras daquele senhor de idade que atravessa a rua com dificuldade de enxergar o outro lado. Eu apenas olhei para Ela e sorri. E senti como meu sorriso havia sido entendido.
− Olá! – ela me disse um dia depois.
E novamente nossos sorrisos se compreendiam. Engraçada essa história de conhecer alguém. Existe realmente algo conspirando em torno de todos os acontecimentos de nossas vidas? Já mudei de opinião sobre isso inúmeras vezes, mas aos poucos vou entendendo que somos nós mesmos que nos dispomos ao que vivemos. Sempre há alguma razão ou emoção envolvida, e que graça teria se não houvesse?! Talvez seja só um transtorno obsessivo da minha mente procurando sempre encaixar a vida numa linha contínua. Mania de qualquer ser humano, na verdade, de medir tudo que não seja controlável. As horas, os dias, o peso, volume, altura, profundidade. Eita mania besta!
─ Sabe aquelas estrelas ali? – ela me perguntou uma noite dessas. - ...devem ser uma constelação que não conhecemos. Digo não que só nós não a conheçamos, mas que ninguém no mundo a tenha batizado. Seria pretensão minha batizá-las da forma que eu quizer?
─ E por que não faz isso? – eu sempre faço essa pergunta.
─ Talvez não haja motivos para isso.
─ Os motivos partem de nós mesmos.
─ Constelação de mim!
Está aí, uma constelação inesquecível...
quinta-feira, julho 08, 2010
Andares
Vejo coisas e cores fora de foco.
Destono.
Desmancho.
Na garrafa de vinho me troco.
E é tanto amor em meu pesar,
que já não sei por onde andar.
Sopra vento de glória!
Me traga seu alento.
A erosão de minha derme,
Seu confortante tormento
É só o tempo que se atreve.
Quantos tons inventarei
nas telas de minha memória?
Destono.
Desmancho.
Na garrafa de vinho me troco.
E é tanto amor em meu pesar,
que já não sei por onde andar.
Sopra vento de glória!
Me traga seu alento.
A erosão de minha derme,
Seu confortante tormento
É só o tempo que se atreve.
Quantos tons inventarei
nas telas de minha memória?
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