terça-feira, outubro 02, 2012

CALEIDOSCÓPIO



.Na medida em que vamos girando um caleidoscópio diante do olho, percebemos a variação das formas e de seus respectivos encaixes que se modificam e se transformam no meio das cores diversas. Dos movimentos que dinamizam o som das peças coloridas contra os espelhos internos do caleidoscópio e do reflexo de imagens que se mostram perceptíveis aos nossos olhos de curiosa contemplação, surgem infinitas formas de se observar e perceber aquele mesmo objeto que permanece sendo ele próprio, o mesmo sempre, mas que se apresenta de forma misteriosa e relativa.

.Assim como num caleidoscópio, diante dessa sensação de que podemos observar algo de tantas maneiras diferentes, ou a além de objetos observar a nós mesmos e aos outros de tantas formas, queremos propor um momento para observarmos a maneira com que cada ‘peça’ de dentro desse caleidoscópio cultural, que é a sociedade, interage com as outras ‘peças’ para compor esse mosaico de reflexos, de agrupamentos, de transformações e de percepções múltiplas que é inerente à vida dos seres humanos.

.Diante de nossas próprias sensações e vontades estamos propensos a não enxergar a visão do próximo. Com o advento da globalização e da individualização que ela algumas vezes nos imprime, o sentido coletivo da sociedade, no qual se imbui o reconhecimento da cooperação entre setores e movimentos diferentes, torna-se quase imperceptível a alguns. A cooperação, essa que torna possível o funcionamento de uma série de organismos e locais, é que faz o ‘‘caleidoscópio girar’’.

.Nesse mar de caleidoscópios giratórios, o grande desafio é encontrar um movimento para o corpo das ideias que eles representam, que se harmonize feito uma dança entre o dia e a noite, entre o frio e o quente, entre o claro e o escuro, entre a coragem e o medo, entre a mentira e a verdade. Revelando-se, após a partida e a chegada, o caminho feito por nossa percepção para chegar ao nada absoluto e ao infinito incontestável, demonstrando num giro de um objeto no ar a complexidade de um evento que devemos compreender, e mais que isso vivenciar. Para enfim perceber que somos parte microscópica de um todo infinito e ao mesmo tempo somos um infinito composto de infinitas “microexistências”...

.O mundo e sua complexa beleza ao ser contemplada, o impulso que movimenta esse encontro de pessoas e suas culturas, os conhecimentos e suas ferramentas que podem ser usadas em nosso cotidiano para ultrapassar desafios, são o grande caleidoscópio. Que, enquanto estiver girando e sendo observado, estará nos trazendo de volta ao seio do qual compartilhamos, estará nos dizendo que ao mundo o que importa primordialmente é o movimento.

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