terça-feira, janeiro 26, 2010
Sobre liberdade
Correndo entre as árvores um homem vai
Fugindo do asfalto e do assédio dos carros
Despertando inocente o amor pelo mar
Ele pode sentir o vento
Ilustrar com estrelas o céu
Ele pode amar sem tempo
Fazer da areia o papel
Poetizar até de madrugada
E ali se expressar sobre a Liberdade
Dizer ao tudo sobre o nada
Cantar a noite com a Amizade
Mas...
Entre as árvores ainda existem cidades
Correndo entre os mundos o homem vai
Fugindo do mar e do assédio dos inocentes
Despertando os carros e o amor pelo asfalto
Esse não sabe o que é o vento
Pinta de negro o seu tempo
E definha entre as grades do ódio
Quem te libertará?
quinta-feira, janeiro 07, 2010
Anedota cotidiana
Descontente com prudências exacerbadas,
às vezes me descuido em palavras
que ainda não podem ser ditas ou ouvidas.
Tento compreender e em mim traduzir
todo esse alvorecer de idéias a se fazer
nos momentos em que não almejo saídas.
Sair me parece vagamente uma despedida
feita de adornos e acordos quaisquer,
se fecham as cortinas e se esquece, se quiser.
Por assim ser me sinto insano,
quase o pano dessa cortina
que outro espetacular enredo espera.
É sobre primavera, fim do mundo?
Larga esfera de possíveis atos,
ou me vendo por um vinho barato,
que me será mais confortante
que as estantes de documentos
processuais das minhas íntimas questões.
Ou tento ser tão esperto quanto tantos...
Que audácia viver distante!
O que posso esperar desse afélio resfriante,
senão a própria alienação dos meus instantes.
A mendicância por se possuir,
a fome de se destruir,
o medo de se contrair,
é a vida tentando sair.