Descontente com prudências exacerbadas,
às vezes me descuido em palavras
que ainda não podem ser ditas ou ouvidas.
Tento compreender e em mim traduzir
todo esse alvorecer de idéias a se fazer
nos momentos em que não almejo saídas.
Sair me parece vagamente uma despedida
feita de adornos e acordos quaisquer,
se fecham as cortinas e se esquece, se quiser.
Por assim ser me sinto insano,
quase o pano dessa cortina
que outro espetacular enredo espera.
É sobre primavera, fim do mundo?
Larga esfera de possíveis atos,
ou me vendo por um vinho barato,
que me será mais confortante
que as estantes de documentos
processuais das minhas íntimas questões.
Ou tento ser tão esperto quanto tantos...
Que audácia viver distante!
O que posso esperar desse afélio resfriante,
senão a própria alienação dos meus instantes.
A mendicância por se possuir,
a fome de se destruir,
o medo de se contrair,
é a vida tentando sair.
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