sexta-feira, fevereiro 26, 2010

um devaneio qualquer

"Estranho pensar na vida como um eterno vai-e-vem desmedido. Estranho me sentir angustiado com coisas que nunca vivi, mas que sei que acontecem. Gostaria de ser um pouco menos questionador, talvez facilitaria a minha tão ansiada plenitude. Estou sempre me cansando e descansando de transformar minhas angustias em fumaça e alcoolismo. Como se ao evaporarem o alcoól e o carbono pudessem me transportar a algum momento de satisfação. O máximo que consigo é me aproximar de uma estúpida ressaca e de um câncer qualquer.
Essa mania de desconstruir as coisas ainda vai me enlouquecer. Já me vejo velhinho perdido entre a sala de estar e a cozinha espalhando meus absurdos obtusos pelos corredores da minha quase vida. Se eu pudesse guardaria toda paixão inútil, toda ingenuidade infantil e todos outros momentos que acho merecerem maior valor memorável para transformar tudo em um elixir contra a solidão mendiga que vejo cada vez mais próxima do meu futuro sofá vermelho de três lugares.
Só que agora já penso que ser tão questionador não seja de todos o maior mal, talvez seja na verdade a minha salvação, o que me livra de certos comodismos aos quais a raça humana vem sendo cada vez mais suscetível. O problema é que quando preciso escapar ninguém vai me oferecer alguma solução. É mais fácil instigar nos outros esse sentimento de impotência diante todas essas conjecturas malucas formuladas a partir sabe-se lá Jesus.
O amor é o que me torna sóbrio e mais próximo de mim."

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo demais, Ton!!!
Triste essa realidade de angústia frustração a qual acabamos nos entregando. Mas sempre deve haver uma saída, uma esperança. (pieguice minha,:)

Afinal o que sempre moveu a humanidade foram as perguntas e não as respostas.

Ricardo Aiolfi disse...

caramba +_+

me identifiquei com vários momentos +_+

você escreve muito bem +_+