quinta-feira, julho 22, 2010

desajuste

Esse sabor insípido
da superfície fria do espelho
Que fumega o trisco
do silêncio que me norteia

Solidão que é de dentro para fora
como olhar uma parede nua
é o passar lento das horas
a distância insossa e crua

Quando chover de novo juro
não desferir flechas no escuro
nem sonhar demasiado
nem morrer no primeiro ato

Os sonhos estão distantes
onde a abóbada do destino desencontra
a verdade sobre a turva ponta
que me descansa na sua sombra

Mas ainda o amanhã me fomenta
mesmo nas horas de triste sonolência
mesmo nos dias que não amanhecem
mesmo quando a dor me alimenta

Sigo como o visgo da suma afronta
que se agrega a novas rimas
a finda, a esquiva e a desmonta

Parasita da vida
infortúnio afortunado
acrescenta-me
atrozmente
atormenta-me
indecente

Ciclovias paralelas
velozmente desconexas
onde caibo
nas janelas?
Transeuntes de portelas
picardia de donzelas
onde encaixo
minhas pernas

Entre outros desencontros...

Um comentário:

Stefanie Figueiredo disse...

o silêncio que cala é a voz que guia