Esse sabor insípido
da superfície fria do espelho
Que fumega o trisco
do silêncio que me norteia
Solidão que é de dentro para fora
como olhar uma parede nua
é o passar lento das horas
a distância insossa e crua
Quando chover de novo juro
não desferir flechas no escuro
nem sonhar demasiado
nem morrer no primeiro ato
Os sonhos estão distantes
onde a abóbada do destino desencontra
a verdade sobre a turva ponta
que me descansa na sua sombra
Mas ainda o amanhã me fomenta
mesmo nas horas de triste sonolência
mesmo nos dias que não amanhecem
mesmo quando a dor me alimenta
Sigo como o visgo da suma afronta
que se agrega a novas rimas
a finda, a esquiva e a desmonta
Parasita da vida
infortúnio afortunado
acrescenta-me
atrozmente
atormenta-me
indecente
Ciclovias paralelas
velozmente desconexas
onde caibo
nas janelas?
Transeuntes de portelas
picardia de donzelas
onde encaixo
minhas pernas
Entre outros desencontros...
Um comentário:
o silêncio que cala é a voz que guia
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