terça-feira, dezembro 28, 2010

conheça-te

por que pensar na solidão se não estou a sós comigo? mesmo estando isolado, estou sempre comigo mesmo e comigo outro. migo mesmo sou eu quando não sou o outro, migo outro sou eu quando não sou o mesmo. mas todo outro diferencia de outro mesmo, e todo mesmo diferencia de mesmo mesmo. o que sou então? o mesmo de sempre ou o outro de nunca? O que sempre pretendo ser como sempre sou ou o que sempre sou pretendendo ser como sempre? como sentir solidão se o pouco de mim que conhece a mim mesmo pode não ser o que penso ser... só mesmo se a solidão fosse a própria diferença entre os vários de mim que, quando não se reconhecem a si próprios, me transformam em algo que não sou. então sim, agora posso ver também como a solidão de cada um difere da de todos. cada um vivendo a própria solidão e ao mesmo tempo a companhia de todos os outros. ainda acho que a solidão devia ter outro nome. devia se chamar isolidão, o isolamento de mim mesmo feito por mim mesmo, tornando todos os possíveis eus diferentes entre si. causando uma grande discordância entre todas as minhas formas de existir e enfim me tornando algo que não sou, ou ainda, algo que queiram que eu seja. quanta solidão existe, então! só de pensar, todos sendo e exigindo que todos sejam a mesma solidão conjunta... sem perceber que é a diferença o próprio elo, o que nos torna complemento e completo. talvez a solidão seja por fim um momento de esquecimento de mim, por acreditar que devo ser o que diversos poderes manipuladores querem que eu seja. solidão é perceber que muitos já não são o que são para servirem aos xerifes da sociedade e já não são capazes de reconhecer a própria solidão. a própria vontade de ser a si mesmo fica esquecida. conhecer-se e ser livre é o mesmo que ter a plenitude de nunca sentir solidão, de reconhecer no aprendizado da diferença a si mesmo.

Um comentário:

Stefanie Figueiredo disse...

numa luta entre o eu, eu sempre perco.