sábado, novembro 06, 2010

Finge que não me viu...

finge que não me viu\ vira o rosto para evitar\ um olhar estranhamente conhecido\ um dia que não quis reconhecer-te\ por causa do mau-humor\ ou uma briga ou desamor\ fiz questão de não lembrar essa cara\ meio torta, meio chapada\ virada pro lado oposto\ sem gosto nem composto\ que seja apresentável ao mundo\ também já me senti assim\ não queria nem olhar pra mim\ e fingi desconhecer tudo\ fechado, feito ostra\ olhava a frente sem dente\ sorrindo banguela\ feito uma velha com cheiro de naftalina\ sentei-me no banco atrás dela\ aquele odor me possuía\ me fazia lembrar minha tia-avó\ que morreu com 94 anos\ dormiu na varanda e não mais acordou\ chorei no velório com o lenço ‘naftalínico’\ desci do ônibus e meus olhos abriram\ se quem finjo não ver amanhã morrer?\ imagine se morro amanhã...\ perdeu a ultima chance de me cumprimentar\ e nem lenço você terá pra lembrar.

Um comentário:

Ana Gabi disse...

Pois é, se a oportunidade passar, já era!